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Parafilia: quando o sexo deixa de ser prazer para ser doença?

Médico psiquiatra e diretor do IES de Ribeirão Preto (SP) integrou a mesa-redonda “Das perversões sexuais à despatologização das parafilias” com a psiquiatra Carmita Abdo no  Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Evento é o mais importante da área na América Latina.

O médico psiquiatra e diretor do Instituto de Estudos da Sexualidade (IES) de Ribeirão Preto (SP) e Delegado do Estado de São Paulo da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), Arnaldo Barbieri Filho, participou, do XXXVII Congresso Brasileiro de Psiquiatria promovido pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

O encontro ocorreu de 9 a 12 de outubro, no Rio de Janeiro.

O evento, considerado um dos principais da área na América Latina, teve como tema “A Psiquiatria no Mundo Digital”.

Barbieri Filho fez parte da mesa-redonda “Das perversões sexuais à despatologização das parafilias”, com a palestra “Comorbidades e mecanismos farmacológicos nos transtornos parafílicos”.

O painel contou também com os subtemas: “Parafilias e Transtornos Parafílicos, depois do DSM-5 e CID10”, apresentado pela psiquiatra Carmita Abdo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.  

“A internet e comportamentos parafílicos no consultório”, foi abordada por Sheila Reis, presidente eleita da Sociedade Brasileira de estudos da Sexualidade Humana (Sbrash).

“Avaliação de risco entre portadores de transtornos parafílicos” teve a explanação de Danilo Baltieri, orientador de pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), da capital paulista.  

Quando o prazer pode ser visto como doença

Segundo a classificação internacional americana (DSM-5) o termo Parafilia representa qualquer interesse sexual intenso e persistente que não aquele voltado à estimulação genital ou às carícias preliminares com parceiros humanos capazes de consentir, que tenham fenótipo normal e maturidade física.

Esse interesse intenso e persistente deve acontecer por pelo menos seis meses (critério A). Já para se caracterizar o Transtorno Parafílico (TP), o indivíduo necessita preencher o critério A e também o critério B.

O critério B estabelece que o indivíduo coloque em prática esses impulsos sexuais com pessoa que não consentiu. Ou seja incapaz de dar consentimento, ou os impulsos/fantasias sexuais causem sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida.   

Portanto, somente se ambos os critérios (A e B) forem preenchidos é confirmado o diagnóstico de Transtorno Parafílico (TP).

Se só o critério A ocorrer, não se trata de TP, mas de Parafilia. Por outro lado, se o indivíduo tiver a fantasia parafílica sem preencher o critério A, ele não é considerado portador de Parafilia nem de TP.

As principais parafilias são: exibicionismo, voyeurismo, frotteurismo (excitação sexual intensa e recorrente resultante de tocar ou se esfregar em uma pessoa que não consentiu com esse ato), sadismo, masoquismo, pedofilia, fetichismo e transvestismo.

Assim, ocorrem fantasias envolvendo objetos, crianças, humilhação, dor e outros. Porém, para serem consideradas doenças, precisam preencher os critérios acima descritos para Transtorno Parafílico (TP).

Segundo Barbieri Filho as parafilias são formas diferentes de sexo como, fetiche, sadomasoquismo, voyeurismo e exibicionismo. “Em algumas situações mais graves, a pedofilia. Com a despatologização, parte dessas ações deixaram de ser doenças”, explica Barbieri Filho.

Na ocasião, Carmita apresentou as novas classificações das parafilias, baseadas na DSM -5 (classificação internacional americana).

“Segundo a especificação, parafilia – atitudes sexuais consideradas incomuns – não é considerada doença. Já o transtorno parafílico – quando tem sofrimento ou não é consensual – é apontado como enfermidade”, observa Barbieri Filho.

“As fantasias parafílicas podem acontecer com mais de 50% da população. Mas só são consideradas doenças quando preenchem os critérios para Transtornos Parafílicos. Os fetiches, por exemplo, podem fazer parte do sexo para apimentar a relação”, comenta o diretor do IES.

Em pauta sexo digital

O mundo digital também esteve em pauta. Sheila Reis, presidente da Sociedade Brasileira de estudos da Sexualidade Humana (Sbrash) destacou o vício em internet. “Até as crianças estão viciadas em pornografia. Uma situação delicada que precisa ser debatida e estudada”, aponta Barbieri Filho.

O médico Danilo Baltieri é uma importante autoridade em pedofilia e falou sobre escalas de risco de recidiva.

O estudo do especialista mostra em quais situações o pedófilo possui o risco de cometer outro crime.

Barbieri Filho abordou a importância de investigar todas as possíveis doenças correlacionadas, como a depressão, por exemplo.

O tratamento dessas quadros pode ser suficiente para inibir o impulso sexual. Mas há casos que precisam de uma inibição mais intensa, sendo que a polêmica castração química também foi alvo de discussão.

O Congresso Brasileiro de Psiquiatria é o mais tradicional da área na América Latina. Todos os anos, milhares de psiquiatras e médicos de diferentes especialidades, profissionais de saúde, estudantes de pós-graduação, estudantes e profissionais relacionados do mundo inteiro participam de mais das mais de 300 horas de atividades científicas. Além de conhecerem o que há de mais atual em estudos relacionados ao assunto.

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Autor Julianna Santos

Relações Públicas, atuante em assessoria de imprensa e gestão de conteúdo para internet. Pós graduada em Educação Sexual pelo ISEXP – Instituto Brasileiro de Sexualidade e Medicina Psicossomática da Faculdade de Medicina do ABC, atendeu a várias empresas e profissionais do ramo erótico de 2002 até atualidade, estando inclusive a frente da sala de imprensa da Erótika Fair de 2002 a 2010. Também é certificada em Inbound Marketing pelo HubSopt Academy.

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