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CES sanciona vibradores mas veta pornografia

A CES (Consumer Electronics Show), uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, premiou e despremiou o vibrador Osé, em Janeiro. Houve uma controvérsia em torno da moralidade do produto. Criticada em bloco, a organização do evento anunciou essa semana em Nova York que sancionará oficialmente empresas de tecnologia sexual.  

Para quem não conhece a CES, digamos,  é o evento oficial de tecnologia no mundo. Todos os grandes lançamentos do ano são apresentadas lá primeiro. E em estilo de convenção: somente para os empresários desse segmento e imprensa.

Acontece todos os anos em Janeiro, em Las Vegas.  Atrai 182 mil pessoas, quase 4 mil e 500 exibidores, mil palestrantes em um espaço de 250 mil metros quadrados. 

Criada em 1967, a CES exibiu em primeira mão, tecnologias inovadoras. Tais como o rádio de bolso, o vídeo cassete, o CD, o Atari, o Xbox, o BluRay, os ultrabooks e a internet das coisas.

Em 2019  foi a vez de uma infinidade de robôs e carros elétricos. Por lá também estava um vibrador ultramoderno que dispensava o uso das mãos. Ele se chama Osé Robotic Massager da startup Lora DiCarlo.

Premiação, despremiação e repremiação 

Na última edição da CES, esse brinquedo sexual feminino ganhou um prêmio de inovação. Mas o CTA, Consumer Technology Association (Associação de Tecnologia do Consumidor), responsável pela CES, revogou o prêmio.

Segundo a entidade, o produto não se encaixava nas categorias de produtos existentes. E  alegou que o produto seria “imoral, obsceno, indecente, profano ou não compatível com a imagem do CTA”.

Em maio, a entidade devolveu o prêmio à empresa de vibradores. Não suportando à pressão das denúncias de sexismo e preconceito de gênero.

O vibrador inicialmente competiu na categoria robótica e drones. Em eventos anteriores da CES, outros produtos de tecnologia sexual foram colocados em qualquer categoria que parecesse mais relevante. Incluindo robótica e bem-estar digital.

Em 2020, o chamado então ” Sex Tech” estará incluído na categoria Saúde e Bem-Estar. Ou poderá será apresentado na ala de startups da CES.

Segundo o comunicado oficial à imprensa, os organizadores do evento explicam que  os produtos devem ser novos ou emergentes para serem exibidos na feira e concorrer a prêmios.

“Não queremos ver linhas e fileiras de apenas vibradores padrão”, disse Karen Chupka, que supervisiona a CES.

“A tecnologia deve ser aplicável à saúde e bem-estar sexual humano”, acrescentou o porta-voz. “O CES define produtos de saúde sexual como produtos de tecnologia que ajudam o bem-estar físico dos humanos em relação à sexualidade”.

O CTA disse que a nova política será testada por um ano em caráter experimental.

Mas a pornografia vai ter tolerância zero na CES 2020

A polêmica em torno da revogação do prêmio de inovação do Osé tomou proporções de discussão sobre preconceito de gênero.

Primeiro porque trata-se de um produto voltado ao prazer feminino, desenvolvido por uma empresa dirigida por uma mulher, a Lora Haddock.

E foi ela mesmo quem levantou a bandeira da reflexão sobre controversa posição do evento relacionada à industria de produtos adultos.

Como um vibrador pode ser obsceno em um evento que tem a tradição de exibir recepcionistas em stands praticamente seminuas?

Ou mesmo um feira que mostra sexbots (robôs femininos para sexo), além de tecnologias digitais para pornografia?

Por isso mesmo é que o  CTA também anunciou mudanças em seu código de vestimenta.  Os expositores não poderão mais ter pessoal vestindo roupas sexualmente reveladoras. Ou mesmo roupas interpretadas como roupas íntimas.

Quem insistir será penalizado com “pontos de prioridade” deduzidos. Com menos pontos eles não conseguiriam boas localizações em edições futuras do evento.

O CTA também irá impor a proibição para qualquer material pornográfico. Nos últimos anos, o evento tem recebido participações não oficiais de experiências pornôs com Realidade Virtual ou robôs stripper.

Mais espaço para mulheres e minorias

Em um esforço para impulsionar a representação de mulheres e minorias, o CTA também fará parceria com o Quociente Feminino (FQ).  O FQ será parceiro oficial de igualdade do evento para o CES 2020.

O FQ Lounge é parte de eventos como o Fórum Econômico Mundial. E servirá como “o espaço desconectado para conversas de painel para promover a igualdade”.

Um novo e coordenado “Innovation for All” acontecerá todos os dias no stage do CTA. Assim como no Startup Stage do CTA no Eureka Park. E incluirá sessões com altos funcionários  no business case sobre diversidade.

A equipe de Diversidade e Inclusão do CTA também irá curar uma mesa redonda de diversidade e recepção na CES.

Completando a programação, está o Faces of Innovation. Nele, o Entrepreneurs Edition, um programa de startups  oferecerá às mulheres e empreendedores sub-representados a oportunidade de expor no pavilhão do Eureka Park. Com direito a uma concessão e espaço de exposição gratuito.

O CTA também anunciou que está financiando duas firmas de capital de risco. A Harlem Capital Partners e a SoGal Ventures são agora parte de seu compromisso de US $ 10 milhões para investir em mulheres, pessoas de cor e outros grupos sub-representados.

E por que isso é tão importante para o mercado erótico?

Outra empresa de produtos sensuais, a Lioness, está esperançosa de que isso levará a uma maior aceitação da tecnologia sexual em geral.

“A CES tem dado o aval mundial e histórico para o que é inovador. Tanto  para a imprensa, quanto para o varejista e, principalmente, para a atenção do investidor”, disse a CEO Liz Klinger.

 

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Autor Julianna Santos

Relações Públicas, atuante em assessoria de imprensa e gestão de conteúdo para internet. Pós graduada em Educação Sexual pelo ISEXP – Instituto Brasileiro de Sexualidade e Medicina Psicossomática da Faculdade de Medicina do ABC, atendeu a várias empresas e profissionais do ramo erótico de 2002 até atualidade, estando inclusive a frente da sala de imprensa da Erótika Fair de 2002 a 2010. Também é certificada em Inbound Marketing pelo HubSopt Academy.

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